quarta-feira, 20 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Meditações para fazer em casa Vol.II


Equilibrando as 3 respirações

Você pode praticar com o sem música. Sentado numa posição confortável, mantendo as costas retas. Pode ser numa cadeira, ou no chão, de pernas cruzadas. Comece assim: ao inspirar, erga o queixo para cima, apontando o nariz para o teto. Relaxe o pescoço e a nuca. Ao expirar, abaixe a cabeça, o queixo se aproximando do peito. Relaxe a nuca. 5 minutos. Em seguida, deixe a cabeça parada e se concentre na boca do estômago. Inspire sentindo os movimentos na boca do estômago. Expire sentindo os movimentos na boca do estômago. Relaxe totalmente as costelas e os ombros. 5 Minutos. Agora, concentre-se no umbigo. Sinta seu umbigo expandir enquanto inspira, e contrair enquanto expira. 5 minutos. Ao terminar, descanse deitado por pelomenos 5 minutos em posição fetal.

Meditações para fazer em casa Vol.I


Percepção e ativação do corpo sutil:

Deitado, em posição muito confortável. Escolha uma música inspiradora, de intenção espiritual, um mantra, new age, etc. Certifique-se de que tem pelo menos vinte minutos de boa música. Comece procurando relaxar, enquanto observa as sensações físicas que a música desperta em todo seu corpo. Sinta as vibrações da música como que penetrando sua pele e atingindo seu interior como o sol atravessando a superfície da água. Internalize a música, torne-se a própria música, transforme-se em vibração pura. Quando isso acontece, paralelamente, nosso padrão respiratório também muda junto: é nesse momento que você deve dar atenção à sua respiração. Não force nada: apenas observe e acompanhe naturalmente os novos padrões respiratórios. Numa ultima etapa, observe que a música tem extraordinário poder de ativar nossa imaginação: acesse sua imaginação adormecida, e como costumo dizer para meus alunos, aproveite e dê “aquela viajada”... nada melhor do que nossos próprios sonhos mais íntimos para nos mostrar o caminho...

A primeira luz da meditação


A meditação tem dois aspectos que precisam ficar bem claros: um deles é a técnica, ou seja, o exercício em si mesmo. Outro é a interação humana que está acontecendo: é o ensinamento de alma para alma, de essência para essência. Diria que o último é de longe o mais valioso, o mais determinante: sabemos que basta um único olhar de um mestre espiritual para transformar a vida para sempre. Então, isso quer dizer que a pessoa não pode ou não deve praticar sozinho, aprendendo em livros, Cds, DVDs ? Sim, ela deve praticar, porém, sem perder de vista que meditação é uma vivência, um processo que só ganha sentido pleno quando está plenamente conectado à vida da pessoa: meditação é interação, e interação entre nós, seres humanos e terráqueos, é fundamental. Da prática, surge a interação, e vice –versa. Mas para tudo tem que ter um começo !

Sugiro na série “Meditações para fazer em casa” alguns exercícios para quem quer começar a praticar em casa, iniciando aquele ritual pessoal de ter seu momento, seu cantinho, seu mergulho interior garantido. Qualquer que seja a motivação da pessoa (saúde, anti-stress, espiritualidade, carma e destino, etc), ela deve começar sempre pela principal técnica que vou ensinar agora, que é a mudança do olhar. Quero dizer que o simples fato de estar ritualizando a prática com a intenção de aperfeiçoar-se, transformar-se, já é, por si mesma, a grande transformação desejada... sim, a meditação é algo que tem valor intrínseco, vale por si mesma, não é algo que adquire valor posterior, ou algo que se valoriza em função de qualquer outro evento... Eventos acontecem e acontecerão sempre: daí a palavra “eventual”... meditação é um mergulho na eternidade, por isso, é tão afeita ao silêncio... Saiba que o que vale é o momento: por isso a primeira técnica é a da intenção plena: a concentração no momento é a primeira chama a abrilhantar com sua luz o caminho do buscador. Medite e acredite que o processo “já está cumprido”: não espere mais !

Mais importante do que o exercício que a pessoa escolhe, é saber observar os efeitos: saiba que a meditação deve conduzir ao balanceamento da energia vital. Então, numa prática, você deve sentir ao mesmo tempo, profundamente relaxado e muito energizado ! Esse é o referencial para qualquer exercício, que pode ser qualquer um encontrado em bons livros ou Cds. Não fique inseguro: um atleta amador não consegue correr 40km logo de saída, ficaria exausto e pararia bem antes de sofrer qualquer dano sério. Um meditador que está dando primeiros passos também não tem como ultrapassar a faixa de risco, ele simplesmente adormece ! Entào, escolha, teste, veja algo que consiga de fato te motivar, e vá em frente que a intenção que você colocou ali se encarrega do resto.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Relaxar no esforço, ou fazer força para relaxar?



Umas das cenas mais engraçadas que já vi: no final de uma aula de aeróbica puxada, a professora continuava no ritmo, só que dessa vez, conduzindo o relaxamento: “Sim, eu sei que você pode conseguir! Relaaaxxee!! Rellaaaxxe mais! Mais um pouco! Agora! Muito empenho! Muita energia! Relaxeee!!!!!!” Ufa, pensei, será que eu entendi direito a proposta?

Em Hatha Yoga, temos uma regra de ouro: relaxe no esforço. Isso significa permanecer relaxado mesmo que, no decorrer da postura ou exercício de respiração, eventualmente, possam surgir tensões, dificuldades, limites e mesmo, desconfortos. Parece fácil, mas não é: diria que é a coisa mais difícil de atingir. Que fique bem claro: a regra ensina a relaxar no esforço decorrente e eventual, caso ele apareça, e não, relaxar em decorrência de qualquer tipo de esforço provocado deliberadamente. Tenho visto muita gente inverter a regra: provocam esforço na postura, provocam esforço na respiração, e aí, pretendem relaxar... pergunto: que valor teria para uma prática forçar primeiro e então, relaxar? Não parece coisa de doido? Pois é, parece e é mesmo.

A regra de ouro do Hatha Yoga tem sido duramente abatida por um dos maiores males da nossa civilização: a noção de que atenção vem sempre acompanhada de tensão. Isso é tão sério em nossa sociedade que todo aquele capaz de realizar uma tarefa sem se “estressar” chega a ser menos considerado: ele “não leva a sério”, é “menos empenhado”, é “aquele cara que não se envolve fundo no trabalho”, “rende menos”... Mas veja: isso é uma falácia, um péssimo vício que começamos desde a infância: se a criança não “sofre o suficiente” no estudo, no dia da prova, ou naquela competição, imediatamente colocamos no seu caminho uma cobrança de “mais seriedade”, “empenho”, e o pior: ensinamos a elas aquilo que aprendemos : que “lideres” são aquelas pessoas ferozes, agressivas, sempre prontas para a próxima “patada”.

O meditador inteligente observa a natureza: o leão, rei da selva, dorme mais do que acorda. Ele é líder de dentro para fora. A leoa caça, a leoa cuida, a leoa alimenta, a leoa territorializa, a leoa cuida da cria... o leão dorme... dorme sem estar presente? Não. Problemas? Quem resolve é o leão, o rei. Precisa bater? Nada: basta o rugido, o rugido do dorminhoco que até então, não se tensiona com nada... parece nem ligar ! Essa força que precisamos aprender a liberar através do yoga: a força do leão desperto/adormecido: o leão de juba opulenta é relaxado, respira largo e solto, e não acredita em fazer esforço.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dormir ou não dormir na meditação? Eis a questão...




No final de uma aula de meditação conduzida, o aluno, em profundo estado de relaxamento, fatalmente adormece. Acorda assustado quando todos já estão saindo da sala, e o seu coração, que devia ter atingido quietude e tranqüilidade, dispara sob o peso dos olhares reprovadores dos “bons meditadores”, ou seja, aqueles que “agüentaram firme” sem adormecer... que pena! O que vem em seguida? Mais culpa, mais bloqueios, mais dificuldades, mais sensação de frustração, e o velho “não consigo”... Na contramão da maioria de métodos e práticas mais difundidos, estou convencida de que bloquear o impulso do sono durante uma meditação conduzida só gera más conseqüências. Será que aqueles que “aguentaram firme” de fato atingiram um estado profundo de relaxamento? Geralmente não... ficaram na superfície... Lembremos que o nosso organismo é “sábio”, e é justamente essa sabedoria que queremos resgatar no processo do Yoga, do Sufismo, do Xamanismo. Então, eu te pergunto: se o corpo deseja adormecer, não seria esse o melhor momento para deixar essa “sabedoria” aflorar? Dormir é o único ajuste possível para o sistema nervoso esgotado dos seres das cidades grandes, e que ainda não estão treinados em outros meios de ajuste energético consciente. O sono e o sexo são sagrados pelo seu poder de distensionar, elevar a mente além dos impulsos e preocupações cotidianos, sendo as mais poderosas vias naturais para nos ajudar a sair da vigília cotidiana no sentido de atingir estados interiores mais profundos. Tenho perguntado a muitos instrutores de meditação: porquê o aluno não pode dormir? Ficar “agüentando firme” o fará evoluir? Sabemos que não. Nunca vi um meditador progredir forçando ficar acordado. Eu deixo meus alunos dormirem profundamente se for o caso. Sim, eles acordam meio constrangidos, mas aos poucos, entendem que aquela qualidade de repouso é justamente o que falta para ampliar o processo. Digo a eles que o que queremos atingir, ou seja, aquele terceiro estado além das consciências comuns do sono e da vigília, é outrossim, amplamente beneficiado pelo repouso espontâneo, pela ausência de tensão, e especialmente, pela sensação de que não lutamos mais conosco, de que não enfrentamos mais uma batalha interior, de que não estamos mais competindo com coisa alguma, tentando atingir coisa alguma, tentando dominar coisa alguma... O sono durante a meditação deve ser incentivado, permitido e compreendido como um processo abençoado de reajuste. Depois do bom sono, virão bons sonhos, depois destes, um bom dia nos espera, e depois de infinitos bons dias, uma infinidade de paz, luz e serenidade. Não permita que nenhum “professor de meditação” force você a não dormir. Isso é algo que se atinge por outros métodos, jamais forçando ficar “acordado”, ainda mais naqueles poucos “cinco minutos finais” de uma aula... Bela adormecida? Não ligue: espere que um dia, o beijo do príncipe te acorda...!